Classificação
7,5/10
M. Ward é um cantor/compositor dos Estados Unidos e a sua música reflecte bem as suas origens. Depois da sua estreia com o álbum Duet For Guitars #2 em 1999, o músico lançou vários outros trabalhos e colaborou com artistas bastante conhecidos como Zooey Deschanel (She & Him), Cat Power, Neko Case, Beth Orton e outros. O seu mais recente álbum, A Wasteland Companion, foi lançado há cerca de uma semana e mantém o estilo musical que lhe é tão característico. Bom, pelo menos parte do álbum mantem esse estilo, mas já lá iremos…
Pode-se dizer que A Wasteland Companion tem duas facetas. Comecemos pela primeira e mais típica de M. Ward. Quem esperava a voz calma e macia que tanto caracteriza este músico, não precisa de se assustar, essa faceta está intacta! O primeiro tema, “Clean Slate” remete-nos imediatamente para os acordes melancólicos do flok americano. Recorrendo ao título do tema, M. Ward faz-nos esquecer tudo o que de mal nos pode estar a assombrar, puxando-nos para o mundo maravilhoso da sua voz. O segundo tema, “Primitive Girl”, coloca um travão – ou talvez um acelerador - no que estamos a ouvir e leva-nos à outra faceta deste álbum. A verdade é que vínhamos lançados do primeiro tema com um ritmo típico da música folk e voz melodiosa do autor mas, de repente, deparamo-nos com um tema muito mais mais mexido, como se M. Ward precisasse de purgar algo! O ritmo acelera, a bateria, a guitarra e o piano puxam dos galões, quase fazendo lembrar os Tilly And The Wall. A própria voz do cantor é alterada, tornando tudo mais electrónico, como que a pedir aos ouvintes para pararem de abanar os braços e começar a pular! Esta direcção continua durante as seguintes 4 canções em que há um afastamento evidente daquilo a que estamos habituados.
O álbum volta a “entrar nos eixos” com o tema seguinte. A partir daqui, o cantor volta aquilo que podemos considerar como a sua identidade e, com o apoio da sua guitarra, transmite-nos uma sonoridade um pouco a lembrar Johnny Cash, mas com uma diferença fundamental: a voz. M. Ward consegue suavizar a vida! Ao ouvir a sua música, imaginamo-nos a passear nas grandes planícies americanas, banhados num pôr-do-sol morno e a sentir a vida como é suposto. É, de facto, impressionante como a música folk/country de M. Ward consegue fazer emergir espasmos de alegria (ou pelo menos esperança) quando a ouvimos. Estou a falar particularmente da música nr 5, “The First Time I Ran Away” que aconselho vivamente a que oiçam, mesmo que não consigam investigar a totalidade do álbum. O tema seguinte, que dá nome ao álbum, coloca a guitarra no centro das atenções. E que bem que soa! Quase a fazer lembrar as capacidades de John McLaughlin no que toca à guitarra.
No tema “Watch the Snow” o cantor volta a introduzir sonoridades electrónicas e a acelerar o ritmo, quase fazendo lembrar um Johnny Cash duma era mais electrizada. “There’s A Key” reencontra-se com aquilo que é musicalmente mais puro em M. Ward sendo que, os restantes temas seguem-lhe as pisadas. Destaca-se ainda o tema “Crawl After You” no qual o piano assume uma importância mais relevante, tornando tudo mais calmo e melancólico… Retira um pouco a alegria que este álbum parece transmitir em todos os outros temas. A terminar, “Pure Joy” retracta bem o sentimento de quem acaba de ouvir este trabalho.
A Wasteland Companion é um álbum irregular. Há temas que divergem demasiado para serem ouvidos tão “perto” uns dos outros, estragando, de certa forma, a harmonia entre as músicas. No entanto, é inegável o talento de Matthew Stephen Ward para compor e interpretar música.